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Médico que matou mulher pega 16,4 anos de prisão

Médico que matou mulher pega 16,4 anos de prisão

Publicado em: 09 de outubro de 2015 às 06:36

Após exatos 15 anos, o médico Luiz Henrique Semeghini foi finalmente julgado e condenado ontem (8/10), por matar a tiros a esposa Simone Maldonado, em outubro de 2000. Em julgamento que durou mais de quinze horas(das 9h à 00h44) no Fórum de Fernandópolis, Semeghini foi condenado por homicídio duplamente qualificado (forma agravada do homicídio “simples” previsto no art. 121º CP) pelo juiz responsável pelo caso, Vinícius Castrequini Buffulin.

Com isso, ele terá de cumprir uma pena de 16 anos e 4 meses de detenção em regime fechado. Porém, o réu não saiu algemado do local, já que aguardará em liberdade o transitado em julgado. A defesa também adiantou que apresentará recurso ao Tribunal de Justiça, e até a execução da sentença, Semeghini poderá levar uma vida normal, e até mesmo atender em seu consultório particular.

Em contato com o RN, um dos irmãos de Simone, Hélio Maldonado, se mostrou satisfeito com a pena imposta para o médico, que segundo ele, era o que a família esperava, de no mínimo 16 anos de detenção.

O JULGAMENTO

Nas primeiras horas do dia, ainda de madrugada, dezenas de estudantes de Direito acamparam defronte ao Fórum para conseguirem uma vaga, entre as cem disponíveis, e acompanharem o mais esperado julgamento da história da cidade.Pouco a pouco, familiares de Simone, advogado de defesa e assistentes de acusação, e o próprio réu foram chegando ao local para dar início ao julgamento.

O primeiro a depor foi o irmão de Simone, Ralph Maldonado, que relatou que teria tido um encontro com Semeghini um dia antes do ocorrido, e dito que a irmã estava decidida a se separar, mas o médico teria reagido de forma negativa, relatando que "ficaria mal socialmente".

A segunda depoente foi a esteticista aposentada Fusako Mishimura Sugahara, amiga do réu, que contou ao juiz que sabia do caso de Simone com o empresário Antônio Assis de Menezes.Fusako afirmou que Semeghini é um bom médico, nunca foi agressivo e amava muito Simone.

Um dos depoimentos que mais chamaram atenção foi do ex-proprietário da Padaria Bastilha, Luis Gregorini Sobrinho, que relatou uma suposta "traição tripla" de Simone.Sobrinho afirmou que tomou conhecimento de que Semeghini e a esposa chegaram do baile do Havaí na noite do crime, e ao Simone tirar a roupa, o marido a teria elogiado, mas a mulher teria respondido que o seu corpo não era dele e sim de "fulano, ciclano e beltrano", e dito três nomes de homens diferentes. Logo depois, outras duas testemunhas de defesa foram ouvidas, sendo elas o juiz aposentado Hilton Marzoc e o psiquiatra forense Guido Palomba.

Já Palomba justificou os motivos técnicos que o fizeram produzir um parecer afirmando que Semeghini havia cometido o crime sob forte emoção. Outro ponto alto do júri foi o bate-boca entre o advogado de defesa Alberto Zacharias Toron e o assistente de acusação Fernando Jacob Filho, que teria deixado Toron irritado ao dar risada durante o depoimento de Semeghini.

Os dois trocaram farpas e ofensas até Toron voltar ao seu lugar e mais uma vez Jacob rir ironicamente da postura do colega. Entrando na reta decisiva, o julgamento passou a contar com as considerações finais da defesa e acusação.

O promotor de justiça Fernando César de Paula defendeu a vítima Simone Maldonado das acusações que sofrera durante o dia, dizendo que Simone era tranquila, serena e simples, e que não seria capaz de ofender o marido, ou tê-lo agredido.

Já Fernando Jacob Filho rebateu a versão de Semeghini do ocorrido na noite do crime, dizendo que Simone teria chegado do baile do Havaí cansada, e não teria disposição para falar sobre separação com o marido, tampouco provocá-lo falando do amante. Para defender o cliente, o renomado advogado criminalista Alberto Zacarias Toron começou sua explanação afirmando que se o caso dura 15 anos, o Ministério Público também seria o responsável, pois, assim como a defesa, apresentou diversos recursos, protelando o julgamento.

Toron também justificou em todos os momentos que Semeghini teria agido sob forte emoção e pediu a aplicação de uma pena justa. A defesa ainda reiterou o nome do possível amante da estudante e empresária, conhecido como "Toninho Assis" (Antonio Menezes de Assis), fato que teria gerado a morte dela.

Toron contou que o médico teria voltado de São José do Rio Preto, na tarde de sábado, dia 14 de outubro de 2000, horas antes do crime, recusando-se a ir ao baile do Hawai, promovido pelo clube Casa de Portugal.

Após o dia cansativo, o casal saiu para jantar, quando foi surpreendido pelo empresário que chegou e sentou à mesa, tentando convencer Luiz Henrique e Simone Maldonado a irem ao baile. Simone se mostrava disposta, mas Semeghini por várias vezes se recusou, mas acabou aceitando o convite. Testemunhas contaram que o casal discutiu durante o evento e a briga acabou se estendendo até a residência no bairro Por do Sol. O criminalista ainda alegou que Simone recebeu os dois tiros enquanto estava em pé e pediu ao juiz pena reduzida, sem as qualificadoras. Com a explanação da defesa, Buffulin concedeu a réplica para a acusação, que teve uma hora para rebater os argumentos de Toron e o assistente Renato Martins. Fernando César de Paula e Fernando Jacob Filho argumentaram que o discurso do réu ter agido sob forte emoção não era justificado e que a reação depende do caráter de cada pessoa. A defesa voltou à tona nas considerações finais e pediu mais uma vez que os jurados julgassem Semeghini por homicídio simples e não qualificado, como pedia a acusação.E mais uma vez, insistiu na justificativa do assassinato pelo réu ter agido “sob forte emoção”. Para finalizar, os jurados registraram os seus votos e Buffulin deu o veredicto: homicídio duplamente qualificado, com pena de 16 anos e 4 meses de prisão em regime fechado. (Região Noroeste)

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